domingo, 22 de novembro de 2009

A sociedade e o consumo

Com o texto a seguir conquistei reconhecimento pessoal, autoafirmação e uma bolsa de estudos integral no curso pré-vestibular do Colégio Unificado (POA). Como disse o Editor Chefe do jornal Zero Hora, parceiro na realização do concurso, o esforço foi recompensado. Dedicação; que não se confunda com sacrifício.

A dificuldade foi significativa, o nervosismo e a pressão psicológica criada por mim mesma eram demasiadas grandes, a ponto de realmente atrapalharem, e por pouco não interferiram no resultado final do processo. Apesar da insegurança e do bloqueio em relação ao tema proposto, a gana de alguém que deseja ir muito mais além do que se possa imaginar fez a diferença naquele momento.

Este texto foi por mim produzido na tarde de 16 de maio deste mesmo ano, na reta final de um concurso concurso nomeado RedAÇÃO ZH. 

A sociedade e o consumo

A realidade social brasileira pode ser analisada tendo em vista os parâmetros que sustentam a sociedade capitalista: valores e consumo. Esperar que o padrão comportamental entre as diferentes classes seja convergido a uma mesma finalidade é, entretanto, demonstrar falta de coerência entre o que se pode ser e o que se deseja ser.

Evidencia-se através de dados o caráter consumista presente na população, principalmente se for levada em consideração a preocupação em ter bens materiais, como sendo este o meio de mostrar-se parte integrante de um grupo. Os hábitos, considerados inatos ao ser humano, são formados pelo convívio com o meio no qual o indivíduo está inserido. Este, por sua vez, exerce a função de agente na elaboração de valores a seguir. Construir a concepção de prioridades de consumo em ambientes onde prevalece o poder de persuasão da mídia é tarefa que exige muito mais que apenas conscientização. É preciso demonstrar autonomia suficiente para reagir ao senso comum.

Tomando como exemplos os dados de uma pesquisa recente, percebe-se claramente o desejo implícito de uma classe emergente e com chances de ascender a um patamar mais elevado de padrão de vida, que prioriza a aparência, ou seja, demonstrar pertencer a um grupo que não é o seu em vez de buscar condições para chegar até ele. A classe C, como se pode observar, busca igualar-se à classe média utilizando um pensamento que remete à falsa ideia de que comprar mais e usufruir do melhor é sinônimo de estabilidade financeira. O fato de casais ilustrarem a pesquisa demonstra a falta de planejamento a longo prazo; a preocupação destes que representam mais da metade da população do Brasil está presa apenas ao presente e à imagem que podem transparecer.

Buscar uma maneira de mudar esta visão distorcida do que é ideal e encontrar o caminho que leva ao consumo condizente com o poder de compra da população é como arriscar-se a andar na contramão da realidade. Contudo, a possibilidade existe e deve ser de melhor maneira explorada.

(Bruna Fernanda Suptitz, de Tapejara Aluna do 4º Ano do Curso Normal da E.E.E.B Nicolau de Araújo Vergueiro e vestibulanda de Jornalismo)

Construindo bases sólidas

Tapejara, 22 de novembro de 2009.
Domingo.
00h29min

Postagem relativa à:
Passo Fundo, 10 de novembro de 2009
Terça- feira.



Na aula de hoje, levei meus alunos pela primeira vez desde que iniciei o meu estágio até a brinquedoteca. Já havia lido algo sobre a sua importância no livro "Dibs em busca de si mesmo" (no momento não me recordo o nome da autora), mas até então não tinha me preparado para levá-los. Incentivada pela prô Ana, e devido ao fato de poucos alunos estarem presentes, decidi que aproveitaria a oportunidade.

Uma vez lá, sentei-me em uma pequena cadeira - o que me deixava mais a altura dos pequenos - e passei a observá-los. o interesse e a curiosidade em descobrir e explorar tudo que ali está presente é fascinante. Trata-se de um mundo de descobertas. Mas um fato em especial prendeu minha atenção...

Com uma caixa cheia de peças, as quais eu conheço por lego, duas crianças desligaram-se do mundo que as cercava e passaram a viver aquela brincadeira, e só. queriam construir uma casa grande, como as que estão acostumadas a ver no caminho para a escola. queriam montar um casa que fosse maior que eles.
As tentativas foram várias, os dois trabalharam em equipe durante todo o processo. E me chamavam para ver o resultado, queriam minha atenção, aprovação, admiração. Mas a obra não sustentava-se em pé por muito tempo. Bastava um sopro do vento vindo da porta, uma batida por descuido, e tudo o que estava em pé ia ao chão. Por que isso? Sem muito pensar, a menina e o menino reiniciavam o processo. Assim seguiram-se algumas entativas; em vão. No final, tudo desabava aparentemente sem causa.

Foi então que surgiu em minha mente a ideia deste relato. Nesta mesma ordem: primeiro, pensei em escrever sobre o que via. Depois, pensei no que escreveria, com detalhes. Por fim, julguei que antes de qualquer coisa, deveria conversar com os pequenos. E o fiz.

"Crianças, antes de começarem a construir a casa de vocês novamente, prestem atenção no que a Prô vai falar. Todas as estruturas que servem como base para a construção de alguma coisa, como a casa ou a escola, elas precisam ser sólidas, firmes. Desta maneira, o que estiver em cima delas não cederá com facilidade. De nada adianta vocês iniciarem a obra com apenas duas ou três peças e aumentarem esta quantidade em seguida, apenas para que a casa fique alta. É preciso e importante que ela esteja e firme, embora não seja tão alta. só assim poderão fazer uma casa que não cairá facilmente."

O resultado... Bem, foi justamente o esperado: Um construção firme e duradoura. É assim com a vida, e cedo ou tarde estes dois irão aprender. Todos eles irão aprender. Para tudo o que construímos, a bases precisam ser sólidas. Uma casa, um prédio, um relacionamento, um projeto pessoal, a realização profissional. É imprescindível que comecemos bem, que firmemos bem nossas escolhas em um solo firme (redundância) para ver os bons resultados daquilo que construímos.

Tanto esta, como qualquer outra escrita, deveria ter sido redigida - ou simplesmente rascunhada - no mesmo dia em que planejada. A emoção transmitida certamente seria maior.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Desejo



"Desejo primeiro que você ame,
E que amando, também seja amado.
E que se não for, seja breve em esquecer.
E que esquecendo, não guarde mágoa.
Desejo, pois, que não seja assim,
Mas se for, saiba ser sem desesperar.


Desejo também que tenha amigos,
Que mesmo maus e inconseqüentes,
Sejam corajosos e fiéis,
E que pelo menos num deles
Você possa confiar sem duvidar.
E porque a vida é assim,
Desejo ainda que você tenha inimigos.
Nem muitos, nem poucos,
Mas na medida exata para que, algumas vezes,
Você se interpele a respeito
De suas próprias certezas.
E que entre eles, haja pelo menos um que seja justo,
Para que você não se sinta demasiado seguro.


Desejo depois que você seja útil,
Mas não insubstituível.
E que nos maus momentos,
Quando não restar mais nada,
Essa utilidade seja suficiente para manter você de pé.


Desejo ainda que você seja tolerante,
Não com os que erram pouco, porque isso é fácil,
Mas com os que erram muito e irremediavelmente,
E que fazendo bom uso dessa tolerância,
Você sirva de exemplo aos outros.


Desejo que você, sendo jovem,
Não amadureça depressa demais,
E que sendo maduro, não insista em rejuvenescer
E que sendo velho, não se dedique ao desespero.
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor e
É preciso deixar que eles escorram por entre nós.


Desejo por sinal que você seja triste,
Não o ano todo, mas apenas um dia.
Mas que nesse dia descubra
Que o riso diário é bom,
O riso habitual é insosso e o riso constante é insano.


Desejo que você descubra ,
Com o máximo de urgência,
Acima e a respeito de tudo, que existem oprimidos,
Injustiçados e infelizes, e que estão à sua volta.


Desejo ainda que você afague um gato,
Alimente um cuco e ouça o joão-de-barro
Erguer triunfante o seu canto matinal
Porque, assim, você se sentirá bem por nada.


Desejo também que você plante uma semente,
Por mais minúscula que seja,
E acompanhe o seu crescimento,
Para que você saiba de quantas
Muitas vidas é feita uma árvore.


Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro,
Porque é preciso ser prático.
E que pelo menos uma vez por ano
Coloque um pouco dele
Na sua frente e diga "Isso é meu",
Só para que fique bem claro quem é o dono de quem.


Desejo também que nenhum de seus afetos morra,
Por ele e por você,
Mas que se morrer, você possa chorar
Sem se lamentar e sofrer sem se culpar.


Desejo por fim que você sendo homem,
Tenha uma boa mulher,
E que sendo mulher,
Tenha um bom homem
E que se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes,
E quando estiverem exaustos e sorridentes,
Ainda haja amor para recomeçar.
E se tudo isso acontecer,
Não tenho mais nada a te desejar ".


(Victor Hugo)